Às margens do capibaribe
ocorre vegetação distinta
vegetação onívora, recicladora
o ambiente em que vive
desde sempre
e para sempre
é um rio de miséria navegado
por altos prédios deslocados
a miséria é a realidade
as imagens multiplicam-se e já
estão na sua lama-sangue
tão impregnados que fazem
da penúria um ancoradouro
de alegrias
pequenas pétalas de
humanidade
que são lançadas ao rio
e não apodrecem
no entanto
a miséria está lá,
projetando-se nas pessoas –
e as pessoas nela –
infinitamente
como
dois espelhos que se encaram
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